Localizado na Rua Maestro Felício Toledo, a Casa Norival de Freitas passou por um detalhado processo de reforma que inclui restauração de elementos originais como pisos, forros e ornamentações, além da construção de um prédio anexo. A estrutura adicional conta com três pavimentos, incluindo um auditório com camarim, sede administrativa, estúdio, área de convivência e terraço para contemplação.

O projeto, conduzido pela Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa), segue as orientações do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural (DePAC). Além das melhorias internas, o paisagismo do entorno recebeu atenção especial, com o plantio de espécies como o pau-mulato.
O investimento total é de R$ 29,1 milhões, e a expectativa é de que o espaço se torne um marco cultural na cidade.
Construído entre 1921 e 1926 para o advogado e político Norival de Freitas, o casarão foi tombado pelo Inepac em 1977 e adquirido pela Prefeitura de Niterói na década de 1980. Além de ser um exemplar da arquitetura residencial do início do século XX, o local foi palco de eventos da alta sociedade e reuniões políticas.
A construção feita por João Daloss com projeto do francês Berrari, o Solar Notre Reve foi habitado pela família de Norival até 1979, ano da morte da sua esposa Noelina. Posto à venda pelos herdeiros, foi adquirido pela prefeitura de Niterói. Em 1983, o imóvel foi tombado pelo INEPAC. No ano seguinte, foi parcialmente destruído por incêndio..
A casa tem estilo Eclético Romântico, com grandes influências do Art Noveau. Sendo um remanescente da arquitetura residencial do início do século XX em ferro e ornamentos em massa, representativos da antiga capital fluminense.
Suas paredes foram decoradas com pinturas pochoir (stencil) e escaiola (que imita mármore), revestimentos importados, caixilharias de vidros coloridos e ladrilhos hidráulicos decorados com diversas estampas nos pisos. Os elementos em ferro fundido são de grande destaque nas fachadas, integrando desde a escada externa de acesso ao pavimento superior, balaústres, pilares e mãos francesas.
O imóvel de dois andares tem 337 m2; os jardins (que receberam 4 mil mudas de plantas) estão espalhados por 474 m2 e o anexo ocupa outros 444 m2. Ou seja, o Notre Rêve tem, ao todo, 870 m2.
– Encontramos muitos ornamentos durante o próprio processo da obra. Achamos cinco telhas originais e cada uma diferente da outra. Recuperamos assoalhos, forros, ornamentações, as escadas, as janelas com os vitrais e a grade pantográfica de um dos cômodos.– contou o arquiteto Anderson Miranda.
Segundo ele, o maior desafio do projeto foi a reprodução da azulejaria – todos os azulejos foram feitos lá mesmo, no canteiro de obras. Durante o trabalho, ele ministrou oficinas para estudantes da Universidade Federal Fluminense que se tornaram uma espécie de capacitação em restauro.