Pelo menos três pessoas morreram durante operação da Polícia Militar, na manhã desta quinta-feira (24), na zona norte do Rio de Janeiro. Os três foram mortos com tiros na cabeça. Outras três pessoas ficaram feridas.
A operação no chamado Complexo de Israel, em Cordovil, começou no início da manhã, mas, segundo a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Claudia Moraes, os policiais encontraram grande resistência dos criminosos que dominam o território.
“Nessa entrada da Polícia Militar [na comunidade], houve forte confronto e os criminosos resolveram atirar na direção das vias [pistas], vindo a vitimar pessoas inocentes que não tinham nada a ver com aquilo”, afirmou.
Além das vítimas, o tiroteio provocou a interrupção do tráfego na Avenida Brasil e da circulação de trens, de ônibus e do BRT pela região. Escolas e postos de saúde foram fechados na região. Segundo a porta-voz da PM, ao perceber as consequências dos confrontos para a população e a circulação na cidade, os policiais decidiram suspender a operação.
“Logicamente, essa suspensão não é imediata. Levou ainda um tempo para que esses policiais conseguissem sair da comunidade de forma segura”, disse a porta-voz.
Ela explicou que a reação dos criminosos foi acima do esperado pela polícia. “Essa operação começou na Cidade Alta, que é uma área onde você não tem essa reação muito forte. Nós não tínhamos inteligência para sinalizar para essa questão naquele momento”, explicou a tenente-coronel.
Impactos da operação
A ação policial e os impactos que ela causou na rotina da cidade foram criticadas pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa (Alerj), que disse que essa foi mais uma operação “sem o devido planejamento, que afeta negativamente a população de diversas localidades”.
O Rio de Janeiro chegou a entrar no estágio 2, quando há risco de ocorrências de alto impacto na cidade, devido a um evento previsto ou a partir da análise de dados provenientes de especialistas ou há ocorrências com elevado potencial de agravamento. O prefeito Eduardo Paes chamou a situação de “mais um dia de vergonha”. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, neste ano houve 61 tiroteios nos arredores da Avenida Brasil. Nos últimos oito anos, foram mais de 1.500 confrontos armados na região.
Segundo Claudia Moraes, a operação teve objetivo de conter roubo de veículos e de cargas e foi planejada. “Além disso, nessa área, a gente tem uma atuação criminosa com domínio territorial e com tentativa de expansão. Havia também a informação da dificuldade de algumas empresas de comunicação de estabelecerem ali sinal de internet e telefonia”, finalizou. Os nomes dos mortos na operação ainda não foram divulgados.
O prefeito Eduardo Paes comentou sobre o intenso tiroteio que ocorreu na manhã desta quinta-feira (24) e resultou no fechamento da Avenida Brasil, através das redes sociais. Paes expressou sua indignação com o aumento da violência e cobrou uma política pública de segurança mais eficaz, destacando que a cidade está entregue à criminalidade.
Paes afirmou: “Essa loucura que está acontecendo hoje na Avenida Brasil, principal via da cidade, fechando trem, BRT, carros parados e pessoas atrás de muretas. Essa vergonha mostra o total descontrole de vocês na segurança”, disse ele, em uma mensagem direcionada ao secretário de segurança pública, Victor Santos.
O prefeito disse, ainda, que o problema não ficará sem resposta: “Você vai ser cobrado pelo prefeito da cidade, a gente vai mostrar o tempo todo isso porque a cidade não aguenta mais essa irresponsabilidade. Acabou a eleição, não tem mais disputa eleitoral, mas vai ter cobrança do prefeito e o mínimo de ação efetiva de vocês, a gente está entregue à criminalidade sem que a gente veja uma política de segurança pública”, disse.