O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” venceu o Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional e conquistou a primeira estatueta do prêmio para o Brasil.
Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, o longa de Walter Salles marcou retorno à categoria após 26 anos e levou a melhor após a quinta indicação de Melhor Filme Internacional.
Com a vitória, o filme desbancou “Emilia Pérez”, musical que lidera as indicações neste ano, além de “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha), “Flow” (Letônia), e “A Garota da Agulha” (Dinamarca) que também concorriam a estatueta.
Entre os indicados, apenas “Emilia Pérez” e “Flow” haviam sido reconhecidos em outras premiações. No entanto, alguns veículos internacionais já apostavam na vitória de “Ainda Estou Aqui” na categoria, como as revistas Variety e The Hollywood Reporter.
Em seu discurso ao aceitar o prêmio, o diretor Walter Salles dedicou a estatueta “a duas mulheres incríveis”: Fernanda Torres, que concorre ao prêmio de Melhor Atriz pela sua performance no filme, e Fernanda Montenegro, que faz uma participação na produção e estrelou “Central do Brasil“, o primeiro longa do diretor a concorrer ao prêmio em 1999.
Durante a noite de cerimônia, o filme nacional ainda concorre em duas categorias principais: Melhor Filme e Melhor Atriz, pela atuação de Fernanda Torres.
Desde “Central do Brasil”, também de Walter Salles, o Brasil não era indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Naquele ano (1999), Fernanda Montenegro também estava na disputa na categoria de Melhor Atriz. A estatueta mesmo, nem Walter, nem Fernanda levaram para casa. É um tanto quanto significativo, então, que sua filha, Fernanda Torres, traga junto ao elenco o primeiro prêmio do Brasil para casa.
O filme balançou a indústria de cinema no Brasil como não acontecia em muitos anos. Levou sozinho mais de 5,5 milhões de pessoas aos cinemas, arrecadou mais de R$ 120 milhões, a quinta maior bilheteria de um filme nacional na história do país. E fez com que o brasileiro não só entrasse em “clima de Copa do Mundo”, como também assistisse a outras produções nacionais.
Em 2024, no Brasil, o cinema arrecadou R$ 2,5 bilhões em bilheteria, faturamento gerado por quase 122 milhões de pessoas — 11 milhões delas, por exemplo, pagaram ingresso para assistir a filmes internacionais, número quase quatro vezes maior do que o registrado em 2023.
Fernanda Torres não leva Oscar
Fernanda Torres, 59, não conquistou o Oscar de Melhor Atriz por “Ainda Estou Aqui”. A vencedora da categoria foi Mikey Madison, por “Anora”, conforme anunciado neste domingo (2), em Los Angeles.
Durante a temporada de prêmios, Fernanda Torres sempre foi franca sobre suas chances de vitória. No início da disputa, ela costumava afirmar com frequência que não acreditava ter chances de ganhar.
Clima de Copa do Mundo
A coincidência das datas da maior premiação do cinema com o carnaval brasileiro acabou em clima de torcida da Copa do Mundo. Máscaras de Fernanda Torres e de Selton Mello (intérprete de Rubens Paiva), fantasias da estatueta dourada do prêmio, boneco gigante de Olinda, entre outras referências ao Oscar, estiveram presentes em desfiles e blocos carnavalescos pelo país inteiro.
Com suas indicações, o filme de Walter Salles sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva (1929-1971) e a saga de sua esposa Eunice Paiva (1929-2018) já chegou vitorioso à festa da indústria cinematográfica.
Especialistas consultados pela Agência Brasil disseram que, entre as qualidades do filme, estão a capacidade de abordar o passado de uma forma diferente e a maneira como a obra conseguiu dialogar com os tempos atuais.
O livro autobiográfico que nomeia o filme, de autoria de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice, foi para o topo das listas dos mais vendidos. O próprio caso Rubens Paiva ganhou novos desdobramentos recentemente. Por determinação da Justiça, em janeiro deste ano a certidão de óbito do ex-deputado foi corrigida. Na versão original do documento, ele foi tido como “desaparecido político”. Na nova redação, consta agora que sua morte foi violenta, causada pelo Estado brasileiro.
Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu analisar se a Lei da Anistia, adotada com o fim do regime de exceção, se aplica ou não a crimes de sequestro e cárcere privado cometidos na época da ditadura militar brasileira.
Os premiados nas 23 categorias foram:
Ator coadjuvante – Kieran Culkin, em A verdadeira dor
Animação – Flow
Curta-metragem animado – In The Shadow of Cypress
Figurino – Wicked
Roteiro original – Anora
Roteiro adaptado – Conclave
Maquiagem e penteado – A substância
Edição – Anora
Atriz coadjuvante – Zoe Saldaña, por Emília Pérez
Design de produção – Wicked
Canção original – El Mal, de Emilia Pérez
Documentário de curta-metragem – A única mulher na orquestra
Documentário – No other land
Som – Duna: Parte 2
Efeitos visuais: Duna: Parte 2
Curta-metragem em live-action – I´m not a robot
Fotografia – O Brutalista
Filme internacional – Ainda estou aqui
Trilha sonora – O Brutalista
Ator –Adrien Brody, em O Brutalista
Direção – Sean Baker, de Anora
Atriz – Mikey Madison, em Anora
Filme – Anora